Afonso I chamado polas fontes árabes Rei da Galécia (Adhfunsh, malik Jilliquiyya)
1º) O Suevorum Regnum / Gallaeciense Regnum / Christianorum Regnum, a mesma entidade que para simplificar podemos denominar Galécia, vai de 410 a 910, ainda que a fundaçom exata seja provavelmente 411, mas que para simplificar em 5 séculos de duraçom, é umha entidade diferente do Reino da Galiza, que vai de 910 a 1833. Em relaçom ao mesmo, o relato de Anselmo López Carreira e da maior parte do nacionalismo/regionalismo galego tem dous erros, na minha opinióm gravíssimos:
- Identificar Reino de Galécia e Reino da Galiza como a mesma entidade. Em 910 o Testamento de Afonso III implicou nom só a divisóm da Galécia no Reino de Galiza e Leóm, senom mudanças muito importantes na sua estrutura.
- Assumir o relato nacional-espanhol do fim do Reino Suevo em 585 com Audeca como derradeiro rei e fim do reino. Leovigildo nom acabou com esse reino, simplesmente destronou militarmete Audeca e ocupou o seu lugar, mantendo intacta toda a sua estrutura jurídica e administrativa, tal como pŕova a própria documentaçom visigótica. Leovigildo nom anexionou ou fusionou a Galécia à Hispánia, nem a Septimánia, tal como dize a historiografia nacional-espanhola, conseguiu a coroa de 3 reinos (Rex Gallaecia, Hispania et Gallia Narbonensis). Nom obstante, a diferença de épocas posteriores, Leovigildo nom se proclamou imperador, pois tinha vassalagem com o imperador dos francos (que se vinha autoproclamando continuador do Império Romano de Ocidente) a diferença do seu contrincante Atanagildo, vassalo dos bizantinos (imperador continuador do Império Romano de Oriente). Leovigildo, rei dos visigodos, só reinava realmente o Reino de Toledo e designou dous DUX (duques) como delegados do seu poder para o governo da Galécia e da Septimánia, com fortes disputas entre a nobreza da Galécia e da Hispânia por esse posto, eliminado por Recaredo tomando o governo diretamente, e depois restaurado. De 585 a 711 com a queda da dinastia visigoda (a vitória dos bizantinos apoiados por muçulmanos) na Galécia houve reis de facto (titulados Dux) galaicos, e reis estrangeiros (visigodos) mas permanecendo o reino.
2ª)
Do que comentei antes surge a luita após da queda dos visigodos entre dinastias galegas que se diziam legítimos descendentes de Audeca e queriam restaurar a dinastia, novas dinastias galaicas descendentes dos que foram Dux que defendiam a sua legitimidade como herdeiros da tradiçom visigoda, e dinastias visigodas que defendiam a sua legitimidade como herdeiros da linhagem visigótica. Mas realmente quem mandavam eram os bispos, e os nobres, existindo um baleiro quanto a poder real anterior.
Em paralelo a isto, os «rix das trebas», agora condes dos seus condados, começarom a formar linhagens com condes vizinhos, e acumularem títulos condais e poder, formando «super-condados». Na atual Galiza os casos mais salientáveis som os dos condes de Trava, que rematarom formando o «super-condado» de Transtâmara (praticamente a atual província da Crunha do Tambre para acima) e os condes de Lemos, que rematarom dominando quase por completo as atuais províncias de Lugo, Ourense e o Bierzo, e finalmente absorvendo o condado de Transtâmara. Na atual Astúrias acontece o mesmo processo, formando-se dous super-condados, Astúrias de Ovidedo e Astúrias de Santilhana (que incluia Cantábria a cuna de Castela). E surgem disputas entre esses «super-condes» e tentativas de proclamaçom com Dux (rei de facto mantendo a tradiçom visigótica) ou Rex Gallaeciense (rei segundo a tradiçom sueva), e disputas entre o poder eclesiástico de Compostela, o de Astorga (transladado a Oviedo) e o de Braga (transladado a Tui). E por suposto, todo tipo de falsificaçons históricas na altura por motivos da linhagem.
Quem com mais ímpetu se proclamam reis ou duques som os nobres asturianos, com total apoio da igreja ovetense, mas nom de Compostela e Tui, que nom os reconhecem geralmente (presom da nobreza ocidental) ou sim. Essa é a «monarquia astur», que em realidade eram condes que se autoprocamavam reis.
E nesse contexto há que situar Afonso I «o católico», que em realidade era «princeps» (conde) dos condados agrupados nas Astúrias de Santilhana (Galécia), que conquistou militarmente Astúrias de Oviedo (Galécia) proclamando-se Dux ao estilo visigodo («exregni prosapiem», sucessor dos visigodos) e que atacou militarmente os condados que nom os reconheciam, entre os que se encontram Lugo ou Tui, e outros, dado muito curioso, que teoricamente estavam sob os muçulmanos no relato nacional-espanholista da reconquista, como Porto, Viseu, Ávila, Simancas, etc. segundo as fontes eclesiásticas.
Todo o relato nacional-espanholista sobor Afonso I fundamenta-se na Crónica albeldense,escrita na época de Afonso III aproximadamente 150 anos depois da sua morte, precisamente para legitimar mediante falsificaçom seu entronamento.
Realmente nom há muita informaçom histórica confiável sobre Afonso. Só pequenas referências em textos eclessiásticos, e a grande trola da Albeldense, como sucesor dumha linhagem contínua que parte do mítico Paio / Pelayo, que nunca foi rei, senom conde. Em realidade a história do «Reino de Asturias» é a história dos dous super-condados asturianos, e dos anseios dos seus super-condes por governarem Galécia toda.
Nom obstante, Afonso I consegui restaurar de facto umha monarquia hereditária na Galécia (falsificada como reino de Astúrias) e ser sucedido sem demasiadas disputas polo seu filho e o seu neto (curiosamente coroado em Sárria), mas daí em diante voltarom as luitas dinásticas, com luitas fraticidas entre os herdeiros, e novamente o problema de que em realidade eram condes de condados com as suas respeitivas linhas sucessórias. Nom há linhas hereditárias monárquicas contínuas mais de 2 ou 3 geraçons porque as luitas de dinastias e condados aliados ou inimigos, assim como as diferentes sés episcopais (som as que realmente coroam) levam a disputas contínuas, ainda que sempre rematam prevalecendo os apoiados por Compostela. Afonso III pom fim a esta situaçom, e com a divisom da Galécia em dous reinos, estabelece espaços de poder para as nobrezas e hierarquias eclessiásticas orientais e ocidentais da Galécia, ou isso queria fazer.
Afonso
VIII da Galiza, IX de Leóm, cognominado «O Galego» como rei de Leóm,
(1171-1230). Os nobres casteláns puseram-lhe o cognome de «O
Baboso», foi seu maior inimigo. A
historiografia nacional-espanhola altera com ele o ordinal dos Afonsos,
chamando-o Afonso IX e negando o Reino da Galiza, que seica era o de
Leóm. A propósito, o seu estandarte real era o leóm púrpura sobre campo
de prata, o que daí em diante acabou sendo identificado como escudo do
Reino de Leóm.
É curioso como segundo os nacionalistas espanhois os reis da Galiza de nome Afonso passam de VII a IX, o VIII comeu-no um ratinho.
Afonso
VIII era mui malvado, como rei de Leóm «aboliu» o Reino de Castela
transformando-se no conde de Castela como condado, e nascido o seu filho
Afonso de nome também, os nobres castelans aliados dos navarros e
aragoneses tentarom independizar esse condado nomeando rei a Afonso
filho, como acontecera com o condado de Portugal. O qual foi escandaloso, houve
excomunhóm papal, interdito ao papa incluídos. O tema nom prosperou.
Mas a historiografia nacional-espanhola denomina ao filho de Afonso VIII da
Galiza como Afonso VIII de Castela, e precisa confundir fontes
históricas do rei galego como rei de Castela com o rei castelám que
nom reinou nunca, mal doeu a quem o proclamarom.
Nom só se falsifica o numeral para negar o Reino da Galiza e mesmo o da Galécia, senom para inventar o Reino de Castela nessa época.
A
história do Reino de Castela é bem curiosa, pois o nacional-espanholista constrói a sua mitologia histórica sobre a mitologia histórica de Castela,
e Castela condado (super-condado como agrupaçom dos condados das
Vardúlias) aparece umha e outra vez como coroa, mesmo quando até o rei de
Leóm nom nomeou conde, proclamando-se amais de rei, conde desse
condado. Quando foi condado do Reino de Navarra (foi ocupado várias
vezes) também é coroa segundo o nacional-espanholismo, e fabricam umha
continuidade como reino desde o século IX, às vezes desde o VIII.
A
propósito, Afonso «o galego» VIII da Galiza, IX de Leóm, (que chamam Afonso IX de Castela e Leóm na historiografia nacional-espanhola. Avó de Afonso O Sábio). Impuxo o galego nos textos
administrativos deslocando ao latim, e tanto no reino da Galiza como no
de Leóm, ao final do seu reinado. Mas nom por motivos nacionalistas a
prol da sua língua, senom por tocar o caralho ao papa em detrimento da Igreja.
Era
neto de Afonso Raimondes (Afonso VII O Imperador) e de Afonso Henriques
(Afonso I de Portugal, O fundador). Casou com sua a sua curmã carnal,
Tareija de Borgonha, o qual provocou a sua excomunhóm, nom por motivos
morais, senom políticos, pois na prática significava que a área entre
Douro e Mondego, as Beiras, voltavam ser Reino da Galiza.
É
um dos reis galegos mais interessantes, também porque foi fundando
vilas mediante foros fundacionais e cartas pobras muito interessantes,
assim com as cortes. O famoso Jaume I de Aragóm nom fixo outra cousa do
que copiar as suas políticas, só que de jeito autoritário e centralizador, o
contrário que Afonso, que procurava descentralizar e equilibrar
poderes.
Afonso Denis Carvalho
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