mércores, 11 de novembro de 2020

Da origem da cultura celta na Europa Central ao Berço do Atlântico

 

Apesar do que poida parecer à primeira vista, na História os conceitos estám  sujeitos a revisom, nom diria isso continuamente, mas com frequência. Este é o caso da cultura celta como um conceito geral. 

O começos dos estudos célticos estám intimamente ligados à concepçom centro-europeia que promoveu o academicismo francês e alemão nos séculos XVIII e XIX. Mas hoje estám em desvantagem, ao menos pola maior parte do mundo acadêmico contemporâneo, que se mantém num lugar intermediário entre essa ideia, como digo, já desatualizada, e a nova tendência promovida dende o espaço atlântico que defende umha origem do mundo céltico no Costas ocidentais europeias, aliás, algo que nom é tam novo como contarei mais tarde. Som as duas teorias opostas que analisaremos em linhas gerais a seguir.

Tabela de conteúdos

1 A primeira versom. A cultura celta nasce na Europa central e expande-se em ondas.
2 A mudança de paradigma. A Nova Teoria Celta
3 Umha celticidade mais ampla
4 A difícil questom da linguagem.
5 A teoria da Europa Céltica Atlântica
6 Um celta cada vez mais velho
7 Em suma, surge um cenário muito mais complexo.

A primeira versom. A cultura celta nasce na Europa central e expande-se em ondas

Hallstatt lembra algumha cousa ? E La Tène ? Ok, estamos nessa fase. A história da cultura celta é definida a partir do século XIX com base em descobertas arqueológicas de grande importância. No complexo mineiro de Hallstatt existem mais de 2.000 túmulos dumha sociedade que polo menos nas suas fases iniciais pertence à Idade do Bronze, e na sua segunda metade já é considerada a precursora do mundo celta posterior, dentro da Idade do Ferro.

 
E é que o mundo celta está associado, nesta etapa, à Idade do Ferro. Umha elite que surge das trocas comerciais entre o norte e o mundo mediterrâneo, que recebe um bom número de influências culturais que dam origem a umha sociedade de príncipes por volta do século VIII aC que estám sepultados em grandes tumbas monumentais (Hochdorf, etc.).

Os manuais pré-históricos seguem o relato clássico de que depois de Hallstatt veu a arte de La Tène. Nas margens deste lago, um sítio arqueológico também é constituído por túmulos e oferendas rituais nos que se atopam objetos de excepcional qualidade artística. Nele já atopamos aos celtas que conhecemos por meio de fontes clássicas. Eles estám localizados nas cabeceiras dos grandes rios e comercializam fluentemente com o mundo grego (o túmulo da senhora de Vix estaria localizado no trânsito entre Hallstatt e la Tène).

No século IV aC, surgiu umha série de circunstâncias que ocasionaram migraçons que exportarom essa cultura para toda a Europa e formarom o clássico céltico, aquele que chegou da Galácia na Anatólia aos celtas da Galiza e a Península Ibérica, além de chegar às ilhas britânicas ...

A teoria mantem-se ao longo de quase dous séculos evoluindo e refazendo-se, e até mesmo ajustarem-se às novas descobertas arqueológicas até a primeira metade do século 20, mas hoje nom é mais aceitada na sua totalidade. Coidado, nom significa que nom seja válido, mas que deve ser qualificado.

A mudança de paradigma. A Nova Teoria Celta

Precisamente o desenvolvimento da arqueologia começou a fazer umha série de perguntas incômodas às quais a velha teoria nom conseguia responder. Por exemplo, as grandes migraçons, aceitadas durante os derradeiros dous séculos, começam a ser questionadas.

Pesquisas em lares celtas mostram que o componhente humano, ou seja, a impressom digital genética, quase nom registra mudanças nos séculos nos que devia ter sido detectada umha mudança nos genes dos habitantes dos territórios aos que chegarom as invasons celtas.
 
Haplogrupo R1b do cromossomo Y. Considerado típico dos europeus ocidentais, ocorre principalmente em populaçons do Atlântico europeu. Foi introduzido na Europa por volta de 2500 AC

Portanto, nom houvo migraçons em massa, polo menos nom na quantidade necessária para causar mudanças nas populaçons conquistadas, agás nalguns casos específicos , como as migraçons que derom origem à Galácia na Anatólia, e os movimentos de tribos testemunhados por latinos e gregos com o saqueio de Roma e Delfos ou com movimentos de famílias de guerreiros gauleses em direçom à Península Ibérica na época romana.

Mas nom só isso, na Europa ocidental, isto é, aqueles territórios que o celtismo considerou aqueles que preservaram com pureza os vestígios da antiga raça celta som estudados em profundidade e conclui que estám mais relacionados com os habitantes da Galécia e o noroeste peninsular do que com a Europa central, ou seja, nom ocorrerom tais invasons, mas atualmente está sendo formulado um novo processo denominado difusom.

Uma celticidade mais ampla

Outra rachadura na velha teoria é que nom existe um conceito único de celticidade. Algo era considerado celta se fosse lateniano, mas as culturas como a galaica nom apresentam traços latenianos na mesma medida que os gauleses, com os quais se relacionam.

Presentemente considera-se que o antigo céltico nom só possuía umha área principal e vários derivados, senom que cada um deles, provinte dum substrato comum, apresentava características diferentes. Essas áreas som galaicas, celtibéricas, insulares, centro-europeias, a península italiana e os gálatas da Anatólia.

Cada um deles, apesar de como digo, ter origens e laços culturais apresenta umha evoluçom diferente que pode ser considerada celta sem atender a todos os requisitos que som assumidos para a era latina.

A religiom tampouco tem que ser inequívoca. O celtismo identificou o druida com o celta, e essa relaçom é verdadeira, mas nom única. Pode haver celtas e pode nom haver druidas. Nom temos registro deles, exceto na Irlanda, Ilha-Bretanha e na Gália. Mais tarde a literatura celta irlandesa faz com que os vejamos na ilha, por isso entendemos que pode ser um processo insular que se espalhou pola Gália. O próprio Júlio César dize-nos nos Comentários sobre a Guerra da Gália que os druidas continentais iam estudar às Ilhas Britânicas.

Nem na Galécia, nem na Galácia, nem na Gália Cisalpina, nem entre os Druidas dos Balcãs, encontramos Druidas. Nom estava lá? Seria estranho se César nom nos tivesse falado sobre eles na Galécia, se é que existiam. No entanto, sabemos que existiam vates entre os galaicos e mesmo entre os celttíberos no final da antiguidade.

No entanto, temos uma série de deuses que aparecem por todo o continente, alguns deles podemos considerar como pertencentes às sociedades celtas (antes pré-célticas) indo-europeias da Europa ocidental, mas outros som claramente célticos e se estendem por todo o território.

A difícil questão da linguagem.

Talvez seja umha das mudanças mais importantes do antigo paradigma, e na qual a nova concepçom do Céltico é baseiado. A língua e a cultura deviam ter viajado com os celtas à medida que se expandiam do seu lar ancestral na Europa Central, e o feito é que agora está sendo apontado o oposto.

A linguagem céltica (antes chamada proto-céltica) surge, segundo autores como John T. Koch, no extremo oeste da Europa. As referências mais antigas a umha língua céltica, sempre segundo estes autores, encontram-se no sul de Portugal, entre a tribo dos Cinetes. A estela de Lagos fala de um Nerio, um nobre da Galtia (Fisterra, Galiza).

 “Invocando os Lugos do povo Neri (niir), em comemoraçom a um Nobre dos Kaaltee / Galtia (Galiza): ele repousa para sempre ali. Invocaçom de todos os heróis. O túmulo de Taśiionos o recebeu ” (traduçom da leitura de John T. Koch)”
 
Esta inscriçom pertence à cultura Tartessica e é a mais ampla preservada até hoje. É datado do século 5 AC. As línguas célticas da Galécia e a Península Ibérica também som mais antigas que o céltico continental, parece que a língua vem dum lado e a cultura artística doutro.
 
Os membros da classe social proprietária que goza de todos os direitos civis dentro da sua Treba ou Terra entre os Celtas da Europa Atlântica chamam-se ari, aires. O primeiro aire, “nobre”, conhecido em todo o mundo Celta, dos tempos da Idade do Bronze, foi, segundo proclama sua estela funerária, redactada com caracteres tartésicos em Celta Antigo Comúm, um araiui, aire, ari,  “nobre”, Nerio da Kaltia, um excingo, ‘heroe’ galego da Costa da Morte do finisterre atlántico chamado Tássionos. Há duas categorias de aires, aaltanobreza, milites, bene nati, chamados em Irlanda flaths, (lat. med. s. miles, pl. milites); e os bó aire.
 
A teoria da Europa Céltica Atlântica

Koch formula a hipótese de que sobre um substrato de povos indo-europeus umha cultura que se desenvolveu em direçom ao Bronze Final na área atlântica, na qual surgiu a primeira e mais antiga língua céltica. Nom pode ser umha consequência do mundo de La Tène, que ainda nom se desenvolveu, mas contém as formas que mais tarde se repetem entre os celtas do resto do continente.

Esta cultura chamado do bronze, documentada em toda a fachada atlântica europeia, é a dos Finisterres. Os fenícios souberom disso quando navegaram além dos Pilares de Hércules na procura de metais. Curiosamente, é nesta área geográfica que as tradiçons célticas forom mantidas nos países da Europa de hoje.

Entre estas costas, como já dissemos, existirom relaçons comerciais que chegarom mesmo ao sul da Península e das quais sem dúvida participarom. Neles surgiu umha língua, o antes chamado proto celta , quefoi umha língua franca entre essas áreas de influência atlântica.

Tendemos a pensar, influenciados pelo celticismo centroeuropeu alemão e francês, que a cultura espalhou-se da Europa Central para as costas atlânticas e agora dizem-nos que é o contrário. A verdade é que na época em que foi formulada a primeira teoria sobre os celtas, o desconhecimento das relaçons comerciais durante a Idade do Bronze era quase absoluto em comparaçom com os dias de hoje.

Um celta cada vez mais velho

A visom atual que temos sobre o mundo céltico é mais ampla e mais antiga do que aquela suposta até agora. O início desta cultura é estabelecido num contexto de intercâmbio comercial da costa atlântica europeia, provavelmente nos Finisterres atlânticos e arredores, onde o destino comercial britânico como fornecedor de estanho floresce por um lado, e o mundo celta da Península Ibérica onde floresce um reino que atraiu o interesse dos fenícios e gregos.

No final da Idade do Bronze, ocorrerom mudanças que nos deixam indícios que falam do declínio da parte ocidente peninsular do comércio atlântico e umha intensificaçom das relaçons comerciais e culturais entre o Atlântico ocidental insular e a Europa central ocorre quando chegam influências mais do que as invasons, de pessoas do continente às ilhas, especialmente à futura Gram-Bretanha.

Em suma, surge um cenário muito mais complexo.

Nos Finisterres da Europa Ocidental, floresce umha cultura do bronze, apresentando umha série de vestígios que nos permitem assegurar que existiram relaçons comerciais e humanas estreitas entre os povos que o constituem. Nesse contexto, desenvolve-se umha linguagem que consideravam proto-céltica, mas é celta, e que lança as bases dum antigo céltico no Atlântico.
 
Koch defende a ideia de que as línguas célticas originaram-se como um ramo das línguas indo-europeias nom na Europa Oriental, de onde se irradiaram para o oeste, mas surgirom na Península Ibérica (atual Galiza e noroeste peninsular) entre os galaicos, celtíberos e povos vizinhos as línguas paleo-hispânicas proto-indo-europeias e nom-indo-europeias nativas (relacionadas com o basco), com algumha influência fenícia no leste.

Deste cenário eles espalharom-se para o leste para o que foi mais tarde a Gália (moderna França, Alemanha e áreas vizinhas), onde as formas mais antigas das línguas itálica e germânica já teriam-se desenvolvido independentemente do proto-indo-europeu. Isto nom é aceitado por grande parte do mundo acadêmico, mas está promovendo novas visons de como o mundo Celta se desenvolveu, umha que podemos considerar claramente Europeia e que faz parte da nossa tradiçom cultural, mas que foi relegada a um segundo ou terceiro plano no que diz respeito às culturas clássicas mediterrânicas no mundo académico. Algo está a mudar.

 
Redacçom da web Celtia

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