xoves, 24 de decembro de 2020

Pátria, Naçom e Estado

 PÁTRIA, NAÇOM E ESTADO

Álvaro das Casas


PÁTRIA

Todos sentimos a pátria, cantada em cada língua por milhares de poetas e amada na mais confusa emoçom do nosso ser. Mas, que é ela? Como é ? Onde estám os seus límites?

A pátria é o lugar onde nascemos, o ámbito em que passamos os nossos primeiros anos, e mais ou menos reduzido ou amplo, segundo os nossos olhos alcançaram ver. Para uns, é simplesmente umha aldeia; para outros, um município, para outros ainda, umha província. Remata alí onde começam a se diferenciar as paisagens nativas -a alta montanha para as gentes do val, a campina para os que nasceram nas serras. Porque nós homens, percebemos a nossa situaçom no espaço muito antes de comprender a nossa situaçom no espaço, muito antes de comprender a nossa situaçom no tempo, a pátria constitui o nosso primeiro enquadramento no meio humano; marca a nossa posiçom geográfica no orbe e dá-nos sempre umha ideia formal: o relevo, a paisagem, a fauna, o tipo de homens que vivem connosco. Porque nela passam-se os anos mais afectuosos da nossa vida, porque dá fundo às nossas impressons conscientes, porque nela acontecem as nossas primeiras convivências familiares, é sempre -até a morte- inolvidável. A pátria anda nos nossos olhos, nos olhos do corpo, até o derradeiro instante da nossa existência. Nom nos importam a sua bondade ou a sua beleza. Amamo-la porque é nossa e recordariamo-la contra a nossa própria vontade. Lembram sempre com emoçom a sua terra natal, do mesmo modo os que nasceram no fundo musical dos vales suissos, como os que viram a luz primeira nos desertos africanos; o que nasceu entre as cupolas graciosas de Constantinopla, como o que balbuciou as suas primeiras palavras na pobre morada transmontana. Influi em nós profundamente, essencialmente, até o ponto em que o meio geográfico determina as nossas vidas. Diriamos que nom faz a nossa anatomia, mas, sim, a nossa fisiologia: modula a nossa voz, colora o nosso cabelo, matiza a nossa pele... Os nossos olhos estam mais ou menos fechados segundo os nossos primeiros anos correram entre os geos finlandeses ou nas margens do Mediterrâneo; a nossa pele será mais ou menos áspera ou suave conforme na criança tiveramos habitado no alto do cordal andino, à beira do mar Cárpio ou na mole tibieza galaica.

Uns povos som diferentes de outros porque os seus paises, as suas pátrias, som diferentes também, e nom somente porque o clima ajudou a constituí-los, senom porque através dos nossos sentidos moldou-se a nossa inteligência, "Nihil est in intellectus quod prius fuerit in sensu". Atrai-nos o alcool se vivemos em meios frios, domina-nos a preguiça se habitamos nos trópicos, e somos apaixonados, violentos, coléricos, nostálgicos, sentimentais, pacíficos, um pouco pola temperatura que nos criou e polas primeiras visons que nos deu a natureza.

A pátria é o nosso mais inmediato vencelho para com a humanidade, o primeiro anel dumha grande cadeia que nos prende ao correr dos séculos. Nom nos é doado escolher pátria. Mas os nossos pais, sim, podem escolhê-la à capricho para nós, elegindo livremente o lugar do nosso nascimento e criaçom, cousa que nom ocorre com a nacionalidade. A pátria prende-nos assim cum amor meramente instintivo e engendrado pola simples contemplaçom. Se reacionasemos, tal vez preferissemos outras pátrias à nossa, mas estamos satisfeitos com a que nos coube, tal qual a vemos, sem pararnos a analisar nela nem a botânica da sua vegetaçom, nem a geologia do seu cham. Um homem ao que lhe faltassem todos os sentidos seria incapaz de comprender a sua pátria, e lançado para longe dela jamais sentiria a menos nostálgia, porque os seus olhos nom poderiam recordar a cor da terra nem a transparência do ceu, nem os seus ouvidos o polífono diálogo da paisagem -o mermúrio do rio, o asubiar do vento no bosque, o gorgeio dos passaros -nem o seu gosto aos manjares que primeiro comeu, nem o seu olfato ao aroma dos seus campos, nem o seu tacto ao complexo físico do seu primeiro ambiente. A pátria é forma, elemento sensual e por isso é compreendida ainda polo pervertido e polo desagrado, incapazes de perceber valores espirituais. De muitos homens sem etnia, desprovidos de toda significaçom moral, estranhos em todos os paises, sem afecto para nada nem para ninguém, dizemos -som os "sem pátria" (apátridas). E com tudo, dela recordam-se e , queiram ou nom, estám ligados a ela e, precisamente polo seu rebaixamento, é a pátria - sensaçom física - a única que os situa no mundo, som valorizaçons intangíveis, espirituais, metafísicas, que enchem o ámbito da pátria em longas projecçons do passado e do futuro.

NAÇOM

Mais dificil de comprender é a naçom. Para Renan e Jellinek é umha unidade espiritual: para Haurion, "um grupo de populaçom unido a umha terra determinada, que convive em parentesco espiritual, e desenvolve um pensamento de unidade: para Manzini, "umha sociedade natural de homens, com língua própria, que aceitam umha comunidade de vida e sentem umha consciência social": para Burgess, "umha populaçom dotada de unidade étnica, que habita um terreo dotado de unidade geográfica": para Durán i Ventosa, a sociedade natural e histórica "nom pode depender na sua existência dum facto accidental, como é o reconhecimento do lugar que ocupa", e de facto, a Grécia, a Turquia e a Polónia, eram naçons antes de serem reconhecidas estados, e os judeus constituem umha das nacionalidades mais características, e andam espalhados polo mundo, sem área geográfica em que se refazer. Para Spengler, naçom equivale a "povo de cultura" e é, "como todo corpo vivente", de rica articulaçom interna,e, "pola sua méra existência, umha espécie de ordem".

Naçom é umha comunidade de gentes, que falam um mesmo idioma, vistem-se de maneira análoga, sentem o mesmo princípio religioso, têm os mesmos costumes e conviveram  o mesmo passado histórico. Ao conceito de nacionalidade é alheio o de soberania sobre o território, pois, como diz mui bem Prat de la Riba, "o escravo romano era homem, embora as leis do seu tempo só o reconheçam como umha cousa em mãos doutro homem, do homem oficial, que as leis reconheciam, e a naçom era naçom ainda que as leis tivera-na sujeita a outra naçom mais privilegiada". Assim como a pátria surge connosco, a Naçom é anterior à nossa existência e chega-nos pola lei de herança. Aquela é meramente o "jus soli", e esta é o "jus sanguinis". É assim como a pátria é umha impressom física, a Naçom é um sentimento moral. O homem e a Naçom - escreve Graça Aranha - a afirmaçom do individualismo transcendente e o renascimento do espirito da nacionalidade, som as suas forças que recomponhem o mundo nesta curva da história.

A naçom é umha entidade natural, um corpo vivo, que nasce, cresce e morre, sempre cumha vida secular. Cruza-se, procria-se, torna-se esteril, escraviza-se, liberta-se. Póde alcançar alturas de heroica dignidade e cair em tremendos processos de degradaçom, e é sempre, seja qual fora a sua situaçom, umha possibilidade de Estado. Póde conviver numha demarcaçom geográfica, ou estar dispersa e desagregada.

Vemos a pátria quando começamos a perceber as formas que nos rodeiam, e sentimos a naçom no nosso primitivo estado de consciência, quando percebemos que há umha certa solidadirade que nos liga a outros homens que falam, rezam, cantam e vivem com nós. Em muitos povos - nós, os galegos, por exemplo - os sentimentos de pátria e nacionalidade juntam-se, mesturam-se, tornarom-se inseparáveis, polo culto aos mortos. Nom nos importa morrer sendo onde e como morremos, e umha preocupaçom domina-nos sempre que é a de sermos enterrados na nossa terra; as nossas cinzas, confundidas com ela, ligam-nos entom aos nossos antergos e ao elemento primário da nossa pátria. Espantanos a ideia de morrer enterrados em pais estranho, e consola-nos a esperança de que o nosso pobre corpo poida ser levado a dormir o sonho enterno à sombra do nosso lar. Na ofrenda da velhinha, que vai derramar auga benta sobor o túmulo paterno, há umha exaltaçom do cham nativo e um tributo aos seus mortos. Ela, inculta, agarrada à sua aldeia como a hera ao tronco das árvores, presente que sua terra ama-a apaixonadamente e sabe que se puide-se andar polo mundo afóra, o caminho chegaria a umha altura em que a sua língua nom seria comprendida, em que Deus nom seria visto como ela o vê, em que as leis e os costumes importariam-lhe umha vida alheia à sua espontânea maneira de ser. Fixa instintivamente os límites da sua pátria e, sentimentalmente , os da sua nacionalidade. Mas onde remata exactamente a Naçom? Onde os elementos substantivos da existência som outros.

A nacionalidade prolonga-se através de dialectos dumha fala, de maneiras, de formas, de expressons diversas; dentro dela há regions, comarcas e províncias. Mas, no alongamento, chega-se a um límite em que as palavras nom som diferentes pola sua fonética, senom pola sua morfologia; em que os trajes variam porque correspondem a outro clima; em que as danças som outras, porque expressam outros temperamentos; em que a terra cultiva-se de maneira diferente e com productos exóticos, em que a paisagem tem outra estructura, em que nosso coraçom sente ánsias que já nom som comprendidas; em que as leis e os costumes contradizem os nossos hábitos e contorsem a nossa típica idiossincrasia... Nessas fronteiras acabou-se a nossa nacionalidade; daí em adiante pesa sobre nós a estranheza.

ESTADO

Assim como a pátria é umha apreciaçom física e a Naçom um sentimento étnico-moral, o Estado é umha valorizaçom jurídica. Habitualmente confundem-se Naçom e Estado, e até chega-se a vislumbrar no desejo de diferenciâ-los, umha rija vontade secessionista.

Acostuma-se a dizer que o Estado é a expressom jurídica de Naçom, a Naçom organizada, legalizada, herarquizada, em plena soberania dos seus destinos e com plena existência internacional. Para o mestre Gaston Jéze, contudo, o Estado póde existir sem reconhecimento oficial, "da mesma forma que umha criança vive ainda que o seu nascimento nom seja reconhecido". Mais exacto, o mestre Le Fur assinala-lhe um território a umha povoaçom, e exige-lhe "umha actividade governamental". O mestre Jezé estaria certo se Naçom e Estado coincidessem, ou se se referisse à Naçom. Naçom e Estado expressam solidaridade, mas na primeira estabelece-se chegando do passado, e no segundo como umha vontade de futuro. A Pátria está fóra de nós, a Naçom em nós e o Estado sobre nós; os límites da Pátria som geográficos, e os da Naçom étnicos, e os do Estado jurídicos; aqueles dependem da amplitude da nossa comprensom, estes da força dos nossos sentimentos, e os do Estado do nosso interesse e da nossa necessidade.

A vontade, o interesse, a necessidade, som as determinantes do Estado - forças estranhas ao poder da nossa sensibilidade, da nossa capacidade sentimental. A uniom das famílias ligadas entre si por parentesco e semelhanças diversas, originou expontâneamente a Naçom, no entanto, o Estado foi criado de propósito, quando se sentiu a necessidade de viver em ordem, de acomodar-se a umha forma de direito, de mandar e obedecer - quando se percebeu a possível incompatibilidade entre os nossos deveres e direitos e os direitos e deveres dos outros. A nossa vida zoológica liga-nos a umha pátria e a nossa personalidade humana vencelha-nos independentemente da vontade, e de que nunca mais poderemos desligarmos; atingida a maioridade, em direito, podemos escolher o Estado que mais nos convenha dacordo com a nossa vontade, porque o Estado herda-se, mas também ganha-se e perde-se, e é objecto de renúncia. O alsaciano, por exemplo, polo seus idiomas, os seus costumes, a sua antropologia, pertence à naçom germana, e agora é membro do estado francês, como antes de 1918 era do Estado Alemám; amanhã o seu pais pode ser conquistado pola Suiza e ele será suisso, ou pode tornar-se independente e entóm será cidadam alsaciano. Um inglês, se assim lhe convier, pode renunciar ao seu Estado - England - e tornar-se cidadam uruguaio - o que, impropriamente diz-se nacionalizar-se. Um menino, filho de judeus austriacos, nascido em Albacete, será pola pátria castelám, pola nacionalidade judeu e polo direito súbdito do Estado austriaco. A pátria existe no espaço, a naçom no tempo e o Estado na lei. Um dia, por necessidade ou por conveniência, os cidadans portugueses, os espanhois e os franceses poderiamo-nos juntar num só Estado, mas as nossas naçons, até assimilarem-se, seguiriam vivendo distantes séculos e mais séculos, diferentes entre si, e tam rápidamente quando seja a nossa potencialidade de conquista; nem depende de nós esmagar umha nacionalidade - que póde perviver através da escravitude mais tirânica - mas sim, destruir um Estado tam logo quanto rápida seja a sua conquista.

Álvaro das Casas

luns, 21 de decembro de 2020

Os Arquitetos da Ressurreiçom na Irlanda

Quando Patrick Pearse entrou na Liga Gaélica no 1903, está levava já fundada 10 anos e Perase foi testemunha dum impressionante renascimento cultural, logo de tantos anos de silêncio e desprezo. Tudo começou no 1893, quando sete homens coincidem num pequeno subterrâneo na O'Connell Street na casa de Martin O'Kelly. Concordam nas primícias absolutas do combate cultural, preparam a revoluçom política e até mesmo a insurreiçom armada. Foi o próprio Patrick Pearse quem escreveu, na véspera do levantamento nacional polo qual trabalhou arreo: A Liga Gaélica será conhecida na História como a influência mais revolucionária que a Irlanda jamais conheceu.
 

Este fantástico esforço de formaçom espiritual foi por outra banda perfeitamente completado por outra Sociedade que se preocupou para com a formaçom dos corpos: a Associaçom Atlética Gaélica que, sobor o pretexto de eliminar os desportos de origem inglês e promover os jogos antigos irlandeses, treinavam fisicamente aos futuros soldados dos exércitos de Erin, principalmente com a prática do brutal hurling. Muita da mocedade irlandesa militavam simultaneamente na Associaçom Atlética e na Liga Gaélica.

Ao começo durante esses primeiros anos do século, Pearse preparava o combate cultural que incluía todas as outras formas de luita. As artes, a música ou as danças ocuparom o primeiro lugar do irredentismo irlandês. O apelo às armas nom teria feito sentido senom tivera sido precedido por aquele longo período de amadurecimento, quando os estudantes entusiastas forom para os distantes condados ocidentais a recolher as tradiçons e lendas dumha aldeia de labregos e marinheiros, trancados na sua miséria e desgraça teimosa como o guerreiro na sua armadura. Por toda a Irlanda, concursos de poesia e peças de teatro prepararom o retorno do Rei Artur. A espada libertadora foi forjada ao ritmo ledo das danças antergas, quando as gaitas estridentes desmontavam dias de assembléia, os Feiseanna reaviviam a alma da indomável raça celta.


Para a geraçom de Patrick Pearse, jovens irlandeses que tinham vinte anos no começo do século, o renascimento cultural e o renascimento político constituiam as duas facianas indissociáveis dumha mesma açom renovadora. Reencontrar a verdadeira personalidade da Irlanda implicava que mais cedo ou mais tarde teria de receber de volta a sua liberdade. O seu slogan era: Irlanda, nom só livre, senom também gaélica; nom tam só gaélica, senom também livre.

Esta é umha autêntica luita nacionalista e romântica, umha obriga aprender a defender ao teu povo deste jeito, primeiro criando os cimentos dumha revoluçom e logo passar à luita real. Assim é recolhido no livro sobor Patrick Pearse de Jean Mabire. Pearse foi um nacionalista romântico dende os seus começos e acabou sendo um induvidável precursor do nacional-socialismo.

Na Irlanda ao igual que na Galiza a influência dos nacionalistas românticos estava bem marcada, tendo em conta ao próprio Pearse e James Connolly, que como Vicetto ou Pondal poideram ser perfeitamente catalogáveis como precursores do N-S.


As Blue Shirts de O'Duffy chegarom ser mesmo uns fascistas um bocado nazificados, mas no 1934 começarom o seu escoramento cara o discurso de Direita Conservadora Fascistoide. Existiu um partido genuinamente N-S Irlandês chamado Ailtirí na hAiséirghe “Arquitetos da Ressurreiçom”, este partido nasce da própria Conradh na Gaeilge liderada por Pearse e Connoly. Naquela altura até o próprio IRA tinha muito de nacionalista romântico. Conservam-se vários documentos da organizaçom IRA em favor do N-S Germânico e Adolf Hitler. O próprio Tom Barry e outros forom colaboradores da Germânia do III Reich.
 
 
Com a figura de James Connolly a imprensa tenta fazer o mesmo que com o nosso Vicente Viqueira e outras tantas figuras do galeguismo histórico, exponhé-lo como umha personagem de ideologia marxista internacionalista. Mas o certo é que ele mesmo considerava-se Nacionalista, Socialista e Católico, e colaborador total do projecto nacional de Pearse, que também definia-se assim mesmo como Nacionalista e Socialista, e os dous cum carácter ideológico-racial impecável. Naquela altura, simplesmente nom existia a definiçom de Nacional-Socialismo, pois até o de entóm na Irlanda nom existira nenhum precursor. Mas o marxismo cultural na irlanda, como no nosso país, nom perde a sua quenda para deturpar as figuras históricas para o seu projeto.
 
Frank Ryan (IRA), um dos mais conhecidos brigadistas internacionais que luitou no bando republicano espanhol, durante a 2GM colaborou notavelmente com os serviços secretos alemans. Logo da 2GM o IRA autêntico desapareceu e surgirom outros IRA; basicamente um IRA nacionalista e outro comunista.

Ataque anti-nazista à estátua de Sean Russel
 
Sean Russell, que foi um dos dirigentes do IRA autêntico, morreu a bordo dum U-Boat quando se dirigia cara Irlanda logo de negociar com a Germânia N-S. Outro foi Seamus O'Donovan, também memo destacado do IRA autêntico e aliado do III Reich. Michael Collins era partidário das teses de Pearse e Connolly, e foi um dos primeiros militantes do IRA que se alçou junto com Pearse na Revolta da Páscoa.
 
Michael Collins
 
No chamado Plano Kathleen o IRA com a ajuda do III Reich pretendeu tomar o Ulster aos ingleses e unificar a Irlanda. O agente Hermann Goertz viajou à Irlanda em maio de 1940 para estudar a viabilidade da libertaçom. Goertz chegou a solo irlandês logo de ter-se reunido na Germânia com o agente irlandês Stephen Carroll Held, sendo julgado e preso por estes feitos.
 
 
Romeo Rienzi e Afonso D. Carvalho

martes, 8 de decembro de 2020

AFONSO I, O VERDADEIRO



Afonso I chamado polas fontes árabes Rei da Galécia (Adhfunsh, malik Jilliquiyya)
 

 
1º) O Suevorum Regnum / Gallaeciense Regnum / Christianorum Regnum, a mesma entidade que para simplificar podemos denominar Galécia, vai de 410 a 910, ainda que a fundaçom exata seja provavelmente 411, mas que para simplificar em 5 séculos de duraçom, é umha entidade diferente do Reino da Galiza, que vai de 910 a 1833. Em relaçom ao mesmo, o relato de Anselmo López Carreira e da maior parte do nacionalismo/regionalismo galego tem dous erros, na minha opinióm gravíssimos: 
 
- Identificar Reino de Galécia e Reino da Galiza como a mesma entidade. Em 910 o Testamento de Afonso III implicou nom só a divisóm da Galécia no Reino de Galiza e Leóm, senom mudanças muito importantes na sua estrutura.
 
- Assumir o relato nacional-espanhol do fim do Reino Suevo em 585 com Audeca como derradeiro rei e fim do reino. Leovigildo nom acabou com esse reino, simplesmente destronou militarmete Audeca e ocupou o seu lugar, mantendo intacta toda a sua estrutura jurídica e administrativa, tal como pŕova a própria documentaçom visigótica. Leovigildo nom anexionou ou fusionou a Galécia à Hispánia, nem a Septimánia, tal como dize a historiografia nacional-espanhola, conseguiu a coroa de 3 reinos (Rex Gallaecia, Hispania et Gallia Narbonensis). Nom obstante, a diferença de épocas posteriores, Leovigildo nom se proclamou imperador, pois tinha vassalagem com o imperador dos francos (que se vinha autoproclamando continuador do Império Romano de Ocidente) a diferença do seu contrincante Atanagildo, vassalo dos bizantinos (imperador continuador do Império Romano de Oriente). Leovigildo, rei dos visigodos, só reinava realmente o Reino de Toledo e designou dous DUX (duques) como delegados do seu poder para o governo da Galécia e da Septimánia, com fortes disputas entre a nobreza da Galécia e da Hispânia por esse posto, eliminado por Recaredo tomando o governo diretamente, e depois restaurado. De 585 a 711 com a queda da dinastia visigoda (a vitória dos bizantinos apoiados por muçulmanos) na Galécia houve reis de facto (titulados Dux) galaicos, e reis estrangeiros (visigodos) mas permanecendo o reino.


2ª) Do que comentei antes surge a luita após da queda dos visigodos entre dinastias galegas que se diziam legítimos descendentes de Audeca e queriam restaurar a dinastia, novas dinastias galaicas descendentes dos que foram Dux que defendiam a sua legitimidade como herdeiros da tradiçom visigoda, e dinastias visigodas que defendiam a sua legitimidade como herdeiros da linhagem visigótica. Mas realmente quem mandavam eram os bispos, e os nobres, existindo um baleiro quanto a poder real anterior. Em paralelo a isto, os «rix das trebas», agora condes dos seus condados, começarom a formar linhagens com condes vizinhos, e acumularem títulos condais e poder, formando «super-condados». Na atual Galiza os casos mais salientáveis som os dos condes de Trava, que rematarom formando o «super-condado» de Transtâmara (praticamente a atual província da Crunha do Tambre para acima) e os condes de Lemos, que rematarom dominando quase por completo as atuais províncias de Lugo, Ourense e o Bierzo, e finalmente absorvendo o condado de Transtâmara. Na atual Astúrias acontece o mesmo processo, formando-se dous super-condados, Astúrias de Ovidedo e Astúrias de Santilhana (que incluia Cantábria a cuna de Castela). E surgem disputas entre esses «super-condes» e tentativas de proclamaçom com Dux (rei de facto mantendo a tradiçom visigótica) ou Rex Gallaeciense (rei segundo a tradiçom sueva), e disputas entre o poder eclesiástico de Compostela, o de Astorga (transladado a Oviedo) e o de Braga (transladado a Tui). E por suposto, todo tipo de falsificaçons históricas na altura por motivos da linhagem. Quem com mais ímpetu se proclamam reis ou duques som os nobres asturianos, com total apoio da igreja ovetense, mas nom de Compostela e Tui, que nom os reconhecem geralmente (presom da nobreza ocidental) ou sim. Essa é a «monarquia astur», que em realidade eram condes que se autoprocamavam reis.
 
 E nesse contexto há que situar Afonso I «o católico», que em realidade era «princeps» (conde) dos condados agrupados nas Astúrias de Santilhana (Galécia), que conquistou militarmente Astúrias de Oviedo (Galécia) proclamando-se Dux ao estilo visigodo («exregni prosapiem», sucessor dos visigodos) e que atacou militarmente os condados que nom os reconheciam, entre os que se encontram Lugo ou Tui, e outros, dado muito curioso, que teoricamente estavam sob os muçulmanos no relato nacional-espanholista da reconquista, como Porto, Viseu, Ávila, Simancas, etc. segundo as fontes eclesiásticas. Todo o relato nacional-espanholista sobor Afonso I fundamenta-se na Crónica albeldense,escrita na época de Afonso III aproximadamente 150 anos depois da sua morte, precisamente para legitimar mediante falsificaçom seu entronamento. Realmente nom há muita informaçom histórica confiável sobre Afonso. Só pequenas referências em textos eclessiásticos, e a grande trola da Albeldense, como sucesor dumha linhagem contínua que parte do mítico Paio / Pelayo, que nunca foi rei, senom conde. Em realidade a história do «Reino de Asturias» é a história dos dous super-condados asturianos, e dos anseios dos seus super-condes por governarem Galécia toda. Nom obstante, Afonso I consegui restaurar de facto umha monarquia hereditária na Galécia (falsificada como reino de Astúrias) e ser sucedido sem demasiadas disputas polo seu filho e o seu neto (curiosamente coroado em Sárria), mas daí em diante voltarom as luitas dinásticas, com luitas fraticidas entre os herdeiros, e novamente o problema de que em realidade eram condes de condados com as suas respeitivas linhas sucessórias. Nom há linhas hereditárias monárquicas contínuas mais de 2 ou 3 geraçons porque as luitas de dinastias e condados aliados ou inimigos, assim como as diferentes sés episcopais (som as que realmente coroam) levam a disputas contínuas, ainda que sempre rematam prevalecendo os apoiados por Compostela. Afonso III pom fim a esta situaçom, e com a divisom da Galécia em dous reinos, estabelece espaços de poder para as nobrezas e hierarquias eclessiásticas orientais e ocidentais da Galécia, ou isso queria fazer.
 
 
 Afonso VIII da Galiza, IX de Leóm, cognominado «O Galego» como rei de Leóm, (1171-1230). Os nobres casteláns puseram-lhe o cognome de «O Baboso», foi seu maior inimigo. A historiografia nacional-espanhola altera com ele o ordinal dos Afonsos, chamando-o Afonso IX e negando o Reino da Galiza, que seica era o de Leóm. A propósito, o seu estandarte real era o leóm púrpura sobre campo de prata, o que daí em diante acabou sendo identificado como escudo do Reino de Leóm.
 
É curioso como segundo os nacionalistas espanhois os reis da Galiza de nome Afonso passam de VII a IX, o VIII comeu-no um ratinho.
 
 
Afonso VIII era mui malvado, como rei de Leóm «aboliu» o Reino de Castela transformando-se no conde de Castela como condado, e nascido o seu filho Afonso de nome também, os nobres castelans aliados dos navarros e aragoneses tentarom independizar esse condado nomeando rei a Afonso filho, como acontecera com o condado de Portugal.  O qual foi escandaloso,  houve excomunhóm papal, interdito ao papa incluídos. O tema nom prosperou. Mas a historiografia nacional-espanhola denomina ao filho de Afonso VIII da Galiza como Afonso VIII de Castela, e precisa confundir fontes históricas do rei galego como rei de Castela com o rei castelám que nom reinou nunca, mal doeu a quem o proclamarom.
 
Nom só se falsifica o numeral para negar o Reino da Galiza e mesmo o da Galécia, senom para inventar o Reino de Castela nessa época.
 
A história do Reino de Castela é bem curiosa, pois o nacional-espanholista constrói a sua mitologia histórica sobre a mitologia histórica de Castela, e Castela condado (super-condado como agrupaçom dos condados das Vardúlias) aparece umha e outra vez como coroa, mesmo quando até o rei de Leóm nom nomeou conde, proclamando-se amais de rei, conde desse condado. Quando foi condado do Reino de Navarra (foi ocupado várias vezes) também é coroa segundo o nacional-espanholismo, e fabricam umha continuidade como reino desde o século IX, às vezes desde o VIII.
 
A propósito, Afonso «o galego» VIII da Galiza, IX de Leóm, (que chamam Afonso IX de Castela e Leóm na historiografia nacional-espanhola. Avó de Afonso O Sábio). Impuxo o galego nos textos administrativos deslocando ao latim, e tanto no reino da Galiza como no de Leóm, ao final do seu reinado. Mas nom por motivos nacionalistas a prol da sua língua, senom por tocar o caralho ao papa em detrimento da Igreja.
 
 
Era neto de Afonso Raimondes (Afonso VII O Imperador) e de Afonso Henriques (Afonso I de Portugal, O fundador). Casou com sua a sua curmã carnal, Tareija de Borgonha, o qual provocou a sua excomunhóm, nom por motivos morais, senom políticos, pois na prática significava que a área entre Douro e Mondego, as Beiras, voltavam ser Reino da Galiza.
 
É um dos reis galegos mais interessantes, também porque foi fundando vilas mediante foros fundacionais e cartas pobras muito interessantes, assim com as cortes. O famoso Jaume I de Aragóm nom fixo outra cousa do que copiar as suas políticas, só que de jeito autoritário e centralizador, o contrário que Afonso, que procurava descentralizar e equilibrar poderes.
 
Afonso Denis Carvalho

Fascismo e Nacional-Socialismo a juizo de Risco

"Horrez gain, ni ez naiz faxista, nazional sozialista baizik" "Ademais, nom som fascista, som nacional-socialista" Jon M...